Saber dizer não permite que a criança perceba o valor das coisas, e que aprecie o valor dos pais. Enquanto pais temos valor. O nosso trabalho, os nossos esforços e a nossa bondade não devem ser menosprezados.
Há uma diferença entre servir a criança e estar em estado de escravidão em relação à criança. É a atitude dos pais que determina o seu próprio nível de servidão. (Página 27 - as 13 condições das escravatura dos pais modernos.)
Devemos pensar nos nossos filhos e na nossa família mas não está certo pensarmos que podemos dar tudo até ao infinito - devemos encher o depósito de tempos de tempo, fazendo regularmente coisas que nos agradam (por exemplo: ler).
É preferível educar as crianças mostrando-lhe os nossos limites. A criança quer descobrir os nossos limites: até onde é que pode ir e o que pode fazer.
As crianças são suficientemente inteligentes para compreenderem que podem continuar a fazer o que lhes apetece porque as interdições não são suficientemente rígidas, porque existe uma falha na firmeza, que faz com que naturalmente a queiram tentar ultrapassar.
Dicas básicas:
- Habituar a criança a nunca considerar como adquirido que tudo lhe é devido ou que devemos dizer-lhe sempre sim.
- Ensinar à criança o valor das coisas. Ensinar-lhe a beleza e o valor das pequenas coisas, não considerar como adquirido tudo aquilo que fazemos por eles. Assim, apreciarão o seu mundo: o que possuem (por exemplo: vantagens e privilégios do seu contexto familiar, pedir-lhes certas tarefas, falar do nosso trabalho e do nosso tempo) e aqueles que os rodeiam. (Exemplos na page 45)
- A criança deve estar convencida de que somos capazes de dizer não. Quanto mais claramente soubermos porque dizemos não, mais fácil será para nós sermos convincentes.
O poder positivo do não:
- Permite a aplicação de uma autoridade não abusiva e eficaz, não pelo medo, mas pelo respeito.
- Ajuda a criança a perceber o valor das coisas e do que fazemos por elas, a perceber os nossos limites e a perceber que devem fazer a sua parte.
- Ajuda a construir uma relação equitativa.
As crianças compreendem muito depressa o que lhes é explicado corretamente.
Como dizer não:
- Explicar porque dizemos não - baseado em valores justo e humanos. Compreende melhor, perceber os riscos, aceita as razões. Vive menos frustrações.
- Das vezes seguintes, não é eficaz repetir a explicação, mas sim relembrá-la.
- Agora quando dizemos não, leva-nos a sério.
- A doçura deve manter-se. Devemos apenas ser determinados.
As nossas intervenções são momentos excelentes para dar explicações aos nossos filhos.
Dar boas explicações, dar uma instrução digna e obter bons resultados.
Adulto ou criança, é-nos sempre mais fácil aceitar mudar, obedecer às ordens ou ouvir conselhos de tivermos boas explicações - explicações que satisfaçam o nível de inteligência de cada um.
As melhores razões para dar aos nossos filhos são baseadas numa certa lógica, são coerentes, baseiam-se em factos e consequências e servem de alguma coisa para a criança.
Explicações aceitáveis:
- Linguagem que a criança pode compreender. Clara e directa, sem rodeios e sem subentendidos.
- Trata factos e gestos, sem exagero e sem suposições não fundadas.
- Faz-lhe ver o que ganharia se mudasse, imediatamente ou a curto prazo e está orientada sobre as acções que a criança faz, e as suas consequências.
- É válida para todos aqueles que vivem o mesmo acontecimento.
- Não exprime um problema emotivo vivido por uma outra pessoa sem ser a criança.
- Não é fundada unicamente sobre princípios tradicionais e morais, nem é justificada unicamente pelos hábitos do passado.
- Não entra em contradição com uma explicação precedente.
- Não culpabilizam a criança, mas sim permitem-lhe que fique mais conscientes.
É natural deixar-lhe muita liberdade, quando é positiva e útil para ela mas nunca quando nos prejudica inutilmente.
Verificar se a criança compreendeu a nossa mensagem fazendo perguntas. E verificar também se recebemos bem a mensagem da criança. "O que pensas disto?", "Podes explicar-me o que acabei de dizer?", "Estás a tentar dizer que...?"
Intervenções eficazes:
- Feitas quando o espírito da criança está presente. Em alturas de crise ou conflito é provável que não vá ouvir.
- Dar o exemplo e/ou boas razões que justifiquem a nossa atitude.
- Permitem que a criança viva como uma criança e não contra a sua natureza.
- Permitem que a criança se divirta e exprima livremente as suas opiniões (É mais inteligente da nossa parte saber o que as crianças pensam)
- Sem tom de censura, culpabilização ou ameaçador. Em alternativa, podemos permitir que a criança faça o que quer para que ganhe consciência das consequências, que ajuda a desenvolver o sentido de responsabilidade e justiça.
- Não dramatizam a importância do acontecimento.
- Não desafiam a criança, no sentido dela querer fazer o proibido. Para que isso não aconteça podemos mudar de assunto e criar outra atmosfera, desviando a atenção da criança do interdito.
- Tratar de um problema de cada vez. Quando um estiver resolvido passamos a outro.
- Mantêm a firmeza e a continuidade. Se num dia é "não", no outro dia é "não", a não ser que hajam boas razões para ser diferente.
As crianças são espontâneas, belas e têm muita energia, que faz com que se exprimam!
Firmeza, docura e constância - a fórmula milagrosa
Conselho: Aproveitar para relaxar e divertirmo-nos com as crianças. Demasiadas regras sufocam-nas. Não sejamos muito exigentes.
Regras:
- Não estabelecer regras em função de emoções (humor, gostos, desejos individuais, medos e inquietações), mas sim em função de princípios lógicos.
- As regras devem ser sempre respeitadas, e não em função do nosso humor.
Explicar à criança as desvantagens que terá se agir mal. Deve compreender as vantagens que tem em "mostrar o seu melhor rosto".
Valores a transmitir:
Gosto de viver, felicidade, boa comunicação e doçura. Isso permitirá desenvolver o gosto de aprender e o respeito. Os outros valores são menos urgentes.
A criança não pode aprender tudo, compreender tudo e adaptar-se totalmente a todos os nossos valores sem falhas e sem choques se houver demasiadas regras para respeitar. Devemos concentrar-nos sobre os valores que são importantes, um de cada vez, até a criança os respeitar.